sábado, 27 de abril de 2013

Uma moça qualquer


            Conheço uma moça que acabou de terminar a faculdade, trabalha em sua profissão e depois do expediente ajuda a mãe no negócio da família. Mora longe dos locais de seus sustentos, então, sai às 5 da manhã e chega em casa às 20, 21, 22, seis vezes por semana. Ainda possui aquele tipo de beleza perecível da juventude com poucos sinais do tempo, fala pouco, muito atenta, observadora, cuidadosa; não é alegre nem triste, não é simpática nem antipática; desconfio que seja inteligente e que não saiba disso, parece que sua condição de vida não permite tal consciência, nem sonhos, muito menos alçar voos...

                Outro dia perguntei o que ela fazia para se divertir. Ela levantou a cabeça com os olhos arregalados e, enquanto desviava seu olhar ao chão, me respondeu: “Nada.” Reformulei a pergunta, fiz várias tentativas, e as respostas eram  acenos negativos adocicados por um semi-sorriso, até que perguntei o que ela mais gostava de fazer. “Dormir”, me respondeu. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário