A primeira
vez que lembro ter tido um contato avassalador com a expressão mais profunda do
meu ser, aconteceu quando era bem pequena. Passeava de mãos dadas com Maria, a
moça que trabalhava em casa, e vi uns meninos atirando pedras num gatinho. Não
deu tempo da Maria me segurar, saí correndo e me coloquei entre os meninos e o
animal. Falei um monte de coisas pros moleques, palavras que vieram sei lá de
onde, e sei lá como aprendi, um tentou atirar mais uma pedra no bichinho mas
antes atirei uma pedra nele, e aí os garotos saíram correndo ao invés de me
enfrentarem. O gatinho aproveitou a confusão e fugiu; eu voltei pra casa ouvindo
pito da Maria e minha mãe me colocou de castigo. Não entendi porque tomei pito,
nem porque fui castigada, já que tinha certeza ABSOLUTA da justiça daquela ação, mas me calei porque as duas, de acordo com a lógica que usavam, também
estavam certas: os meninos podiam ter me machucado gravemente e talvez hoje
sequer estaria aqui pra contar essa história.
Ali
ficou claro o quanto seria difícil encontrar “o caminho do meio”, a medida
certa para continuar viva e ao mesmo tempo expressar os movimentos internos.
Foi duro o trabalho para me tornar um ser humano aceitável na sociedade, ou
seja, aprender a ser medrosa, conivente
com as injustiças, dócil, hipócrita, egoísta e uma pessoa que sufoca suas
expressões mais profundas em prol da estabilidade das situações; um trabalho árduo e cotidiano, onde tomei
muitas porradas pra “endireitar” (e ainda tomo); onde muitas vezes cedi pra ser
“aceita” (e ainda cedo), nesta busca contínua do equilíbrio entre Ser e Estar em Relação.
Apesar de todas experiências e escolhas, apesar de todas máscaras, LUZ e Sombra, a Alma continua intacta e em situações limites, quando é impossível ser de outro jeito, ela grita sua força. Que o TODO, Deus, energia primordial, etc, permita continuar a ter contato direto com esses movimentos internos, com minha Alma, e que se expresse com/em Amor e Sabedoria.
Apesar de todas experiências e escolhas, apesar de todas máscaras, LUZ e Sombra, a Alma continua intacta e em situações limites, quando é impossível ser de outro jeito, ela grita sua força. Que o TODO, Deus, energia primordial, etc, permita continuar a ter contato direto com esses movimentos internos, com minha Alma, e que se expresse com/em Amor e Sabedoria.
Assim
seja.
Ilustração de Roberto Weigand - "O equilibrista"
http://www.robertoweigand.com.br/blog2/
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